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Huawei Honor 9: vale a pena comprar este celular chinês de US$ 400?

Com o preço dos smartphones top de linha seguindo para cima indefinidamente, muita gente começa a considerar dispositivos de gerações passadas na hora trocar de celular. Há benefícios e malefícios em comprar um dispositivo que já tem mais de um ano de lançamento, especialmente quando um novo modelo traz alguma coisa que você não gosta no design.

Esse é o caso do Honor 9 e do Honor 10. A versão mais atual do top de linha dessa marca paralela da Huawei tem um notch (ou entalhe) no topo da tela, e isso pode ser um problema para quem não está disposto a aturá-lo. Dessa forma, o Honor 9 se mostra como uma opção atraente. Mas será que ele ainda vale a pena? Será que ele consegue satisfazer as necessidades dos usuários em 2018?

Pelo menos no que toca ao desempenho, a resposta para essas duas perguntas acima é sim. Nesse aspecto, ele ainda satisfaz as necessidades diárias do usuário por um preço bem acessível. O celular entrega uma experiência de uso cotidiana bastante fluida, e você consegue jogar praticamente qualquer game presente na Play Store sem maiores problemas.

Mas se formos analisar os benchmarks, fica claro que ele não acompanha mais os top de linha deste ano, nem os das grandes marcas do ano passado, em questão de desempenho numérico. Por isso, eu acabo considerando o Honor 9 mais um intermediário premium do que um top de linha — não só pela questão do poder de processamento.

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O Honor 9 traz um chipset chamado Kirin 960, fabricado por uma subsidiária da própria Huawei chamada Hisilicon. É basicamente o mesmo esquema da Samsung com os processadores Exynos; é um chip “de casa”. Apesar de ter sido o componente top de linha da empresa no ano passado, ele já não era tão rápido quanto os modelos da Qualcomm ou mesmo da Samsung, e, por isso, agora está mais entre os intermediários premium mesmo, ou talvez um pouco acima disso.

Ele pode ser comprado em versões com 4 GB ou 6 GB de RAM, e você pode escolher 64 GB ou 128 GB de armazenamento. Seja qual for, ele roda o Android Oreo 8.0 com a interface EMUI da Huawei por cima.

Para ver como o Honor 9 se sai em comparação com seus principais concorrentes, o aparelho foi submetido a três aplicativos de benchmark. Os testes utilizados foram o 3DMark (Slingshot Extreme), PCMark e Vellamo e AnTuTu Benchmark. Contudo, como a metodologia desse último teste mudou na versão 7.0 do app, ainda temos poucos dados de dispositivos diferentes para fazer comparações justas.

O 3D Mark oferece uma série de testes para benchmark de smartphones. Entre eles, o Slingshot Extreme permite comparar diretamente entre processadores e GPUs em conteúdos acima do Full HD. A resolução do display é um fator que pode afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor o desempenho.

O PCMark mensura o desempenho do celular durante tarefas comuns de produtividade, como navegação na web, edição de vídeos e fotos e trabalho com documentos e dados em geral. Assim como nos outros casos, totais de pontuação maiores significam resultados melhores.

O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes aos smartphones, medindo o desempenho durante o acesso de conteúdo na internet por meio de navegadores no primeiro e a performance do processador no segundo. Novamente, números maiores indicam resultados melhores.

O app AnTuTu 7 permite testar interface, CPU, GPU e memória RAM dos dispositivos. Os resultados são fornecidos individualmente e somados para gerar uma pontuação total. E aqui também vale a máxima para os pontos: quanto mais, melhor.

Um dos pontos fortes do Honor 9 é o seu design. Eu acho esse smartphone bastante bonito, principalmente por conta da traseira com as laterais curvadas no acabamento de vidro. Há ainda um padrão que tenta imitar alguma textura, e isso deixa o aparelho bem bonito, especialmente quando reflete alguma luz diferente. O fato de as câmeras serem completamente imersas dentro da carcaça, sem deixar qualquer protuberância, me deixa muito satisfeito.

Você pode comprar esse dispositivo em três cores, mas a mais bonita, na minha opinião, é a azul. O acabamento do celular é praticamente impecável, o que garante a ele um estilo bem premium, realmente de um top de linha.

O que entrega que esse smartphone é um modelo do ano passado é o formato da tela e as bordas gigantes acima e abaixo do display. Felizmente, a fabricante aproveitou o espaço extra na parte inferior para colocar botões capacitivos e um leitor de digitais frontal.

No geral, não há do que reclamar sobre o design e qualidade de construção do Honor 9. Meu único problema com ele nesse aspecto é a sua durabilidade. Com apenas duas semanas de uso, ele já tem alguns pequenos riscos no vidro, que não é Gorilla Glass. A moldura metálica também é frágil e vai perdendo a cor quando é arranhada. Isso é um problema para quem é mais desastrado com o celular; se você quebrar o dispositivo, não vai ter onde o consertar, já que aparelhos importados não têm suporte oficial aqui no Brasil.

É uma pena que a tela do Honor 9 não seja construída no aspecto 18:9. Isso possibilita bem mais espaço de tela útil sem que o smartphone fique muito largo e difícil de segurar.

Seja como for, o seu display de 5,15’’ tem formato 16:9 (mesmo da sua TV), e a resolução é Full HD, o que garante uma boa densidade de pixel por polegada nesse tamanho. Em razão disso, o display apresenta imagens muito bem definidas, mas a coloração pode ser menos saturada do que deveria, mostrando algumas cores vivas mais apagadas. Contudo, considerando a faixa de preço desse modelo, a qualidade da tela está OK.

O brilho máximo do display não é tão forte, mas ainda é o suficiente para que você enxergue o conteúdo do aparelho ao ar livre. Só que, se você estiver andando na rua sob sol forte, as coisas podem ficar mais complicadas.

A bateria desse dispositivo aguenta um dia inteiro longe das tomadas mesmo que você seja um usuário mais exigente. Claro que, se você tirar muitas fotos ou jogar várias horas por dia, esse resultado pode ser afetado, mas o Honor 9 entrega uma boa autonomia para tarefas mais cotidianas com um pouco de atividades mais pesadas nessa mistura. Sua célula de energia tem capacidade de 3.200 mAh.

Nos nossos testes de bateria, conseguimos estimar que ele dure 6 horas e 15 minutos executando vídeo continuamente no YouTube, com brilho da tela no máximo e WiFi ligado. Essa é uma média boa para dispositivos dessa faixa de preço e acompanha de perto resultados dos principais intermediários premium do mercado e até de alguns top de linha.

O Honor 9 já foi atualizado para o Android Oreo, mas a sua interface é altamente personalizada. A fabricante chama isso de EMUI, e ela tem um bocado de recursos interessantes, mas não é tão completa quanto a da Xiaomi, por exemplo. Contudo, na minha opinião, o design é um pouco feio.

A área de notificações também é um pouco sem graça

Entre outras razões para isso, o tema padrão que a empresa entrega nesse aparelho tem uns ícones brilhosos que lembram bastante gráficos dos anos 2000, e a forma como o sistema mostra popups saindo do fundo da tela não me agrada. A área de notificações também é um pouco sem graça. No geral, é possível perceber que os desenvolvedores tentaram fazer algo meio parecido com o que a Apple faz no iOS, mas o resultado não ficou tão interessante.

O que gosto nessa interface é o fato de o Google Now estar acessível a partir da tela inicial. Fora isso, os apps originais da EMUI são bons e bem elaborados. O problema é que eles são muitos e deixam a tela inicial do aparelho meio bagunçada. Mexendo nas configurações, é possível criar uma gaveta de apps para “reorganizar a cara do aparelho”, mas, por padrão, a interface do Honor 9 funciona dessa forma mesmo.

Se você se preocupa em estar sempre na última versão do Android, o Honor 9 talvez não seja a sua melhor escolha. Ele recebeu uma grande atualização de software há pouco tempo, tendo sido lançado originalmente no mercado com Android 7 Nougat. Agora, ele já roda o Oreo 8.0, o que indica que a fabricante talvez não coloque o smartphone no Android P. Mas isso é apenas um talvez. Não há nenhuma confirmação oficial a esse respeito.

No departamento da câmera, esse celular está bem servido se formos levar em conta que ele é um intermediário premium. O foco consegue travar os objetos com bastante rapidez, e o aparelho lida bem com altos brilhos de cena, que é quando há muita diferença de luz entre os planos da foto. Em algumas situações, o céu simplesmente fica estourado, mas pelo menos o resto da foto não fica completamente inutilizada, como é o caso em muitos aparelhos da mesma faixa de preço.

O sistema duplo de câmera serve mais para marketing do que para alguma coisa realmente útil. O app conta com alguns recursos como modo retrato e alguns outros que aproveitam essa segunda câmera, mas os resultados não são lá grandes coisas.

A qualidade final das fotos normais, contudo, é bem interessante para um aparelho desse preço, fazendo com que o Honor 9 supere a média dos smartphones da Motorola e fique competindo de igual para igual com os melhores intermediários premium da Samsung.

Só um detalhe me incomoda: todas as imagens feitas com o Honor 9 ficam um pouco saturadas demais, e o processamento parece exagerar na nitidez. Isso faz as imagens ficarem bonitas, mas não tão realistas ao mesmo tempo.

Chega a um ponto em que praticamente todos os smartphones de uma determinada categoria contam com um desempenho similar, especificações parecidas, e praticamente não há grandes diferenciais entre eles a não ser o design. É nesse momento em que os extras começam a influenciar consumidor na hora da compra. Felizmente, o Honor 9 tem alguns recursos interessantes que podem fazer o aparelho se destacar.

Ele conta, por exemplo, com um emissor infravermelho que serve como um controle remoto universal multidispositivo. Ainda, permite controlar aparelhos de ar-condicionado, TVs, DVDs e por aí vai. Contudo, em nossos testes com televisões da LG e da Panasonic, ele não se saiu muito bem. Ele até conseguia desligar e ligar os dispositivos vez ou outra, mas não podia controlar funções básicas, como volume e canal, em várias oportunidades.

Outra coisa interessante são os gestos que a interface EMUI oferece. Você pode desenhar letras com as costas dos dedos na tela ligada ou desligada para ativar funções ou abrir apps. São comandos ou atalhos simples que devem atrair os usuários mais exigentes. Também é possível, por exemplo, tirar uma captura de tela simplesmente fazendo um “toc toc” no display, como se você estivesse batendo na porta de alguém.

Eu não posso dizer de forma alguma que o Honor 9 é um smartphone ruim. Apesar de não gostar do design da interface, me agradam as funcionalidades extras que ela traz. Só que o fato de o vidro e a moldura de metal serem bem frágeis é um grande problema.

Como se trata de um smartphone que não é vendido oficialmente por aqui, pensaria duas vezes antes de importar um modelo como esse para o Brasil caso eu fosse uma pessoa mais desastrada, que já tivesse quebrado um ou mais celulares. Você fica sem suporte algum por aqui se estragar alguma coisa. É até possível importar peças específicas e tentar convencer assistências a fazerem o conserto, mas não é algo simples.

Por outro lado, esse aparelho tem seus pontos positivos. A bateria dura bastante para quem tem um padrão de uso intermediário, e as câmeras conseguem fazer fotos boas em diversas condições de luz. O app de câmera também é bastante completo e oferece várias opções criativas.

Outro ponto positivo é o desempenho. Ele funciona normalmente bem para games e para atividades cotidianas e, nos nossos benchmarks, conseguiu superar seus principais concorrentes em várias ocasiões. Quanto à conectividade, ele se saiu muito bem em questão de velocidade e recepção de sinal 4G. Testei o smartphone na rede da Vivo em Curitiba e nunca tive problemas inesperados.

Contudo, considerando o preço do Honor 9 em sites como BangGood e Gearbest, eu não posso dizer que vale a pena fazer a compra. As diferentes configurações de memória desse aparelho variam entre US$ 300 e US$ 400, praticamente a mesma faixa do novo Honor 10, que tem um processador mais recente e melhores capacidades fotográficas. O novo celular da mesma marca é essencialmente uma versão aprimorada em quase tudo. Por isso, só vale a pena pegar o Honor 9 se você não gostar do notch do Honor 10.

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