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Quem é Nasim Aghdam, a atiradora suspeita de invadir a sede do YouTube?

Nasim Aghdam. Até a manhã desta terça-feira (3), a mulher de 39 anos não era muito conhecida. “Atleta vegana e a mais conhecida e famosa ativista dos direitos dos animais na Pérsia, promovendo o veganismo e o estilo de vida saudável e humano”, dizia sua descrição em um de seus canais do YouTube. Ela é apontada como principal suspeita de ter atirado e ferido três pessoas na sede do YouTube, em San Bruno, na Califórnia, antes de cometer suicídio. Mas quem seria essa pessoa e quais foram os seus motivos?

Nasim nasceu no Irã em 1978 e, depois da adolescência, passou a se considerar defensora dos animais em causas humanitárias, aderindo ao veganismo. Em 2009, ela foi citada em uma matéria do San Diego Union-Tribune, a respeito de um protesto do grupo People for the Ethical Treatment of Animal, contra o uso de porcos em treinamentos militares. Em 2010, ela criou um site chamado Nasimesavz, dedicado a assuntos semelhantes. Um ano depois, chegou a ter uma organização sem fins lucrativos chamada Peace Thunder, posteriormente desativada.

Na mesma época, ela abriu vários canais e contas no YouTube e no Instagram. O conteúdo intercalava situações de bichos sendo torturados, mensagens motivacionais, canções e até exercícios, pois Nasim também dizia ser fisiculturista. Alguns mostravam vestidos de gala e passos de dança, sempre com gravações que lembram câmeras antigas e cenários inusitados e em chroma-key.

Um de seus canais chegou a ter mais de 4,5 mil assinantes e outro, em turco, superou a marca de 10 mil seguidores, com total de 1,5 milhão e 2,3 milhões de visualizações, respectivamente. Seus vídeos de maior audiência ficavam entre cerca de 95 mil e 183 mil views. Como ela via seu alcance aumentar, passou a se interessar em maneiras de monetizar suas postagens. E foi aí que o conflito com a empresa da Google começou.

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Ao ver que uma de suas postagens, com mais de 300 mil visualizações, teria convertido abaixo do esperado, ela começou a questionar a plataforma. Uma imagem de seu site exibe os números aos quais se refere enquanto protesta. Nasim dizia que o YouTube impôs restrição de idade para visualização em um de seus vídeos de exercícios abdominais, postado em janeiro de 2017. Para ela, foi um claro caso de discriminação.

“O vídeo não traz nada de ruim ou sensual. Por que eles fizeram isso? Porque estou ganhando mais seguidores. Entrei em contato com o suporte e me disseram que era inapropriado. Mas quando Nick  Minaj ou Miley (Cirus) divulgam vídeos sensuais, elas não sofrem restrição por idade”, reclamou. A partir daí, Nasim começou sua campanha contra a companhia da Google. “Não há liberdade de expressão no mundo real, e você será reprimido por dizer a verdade que não é apoiada pelo sistema”, escreveu em seu site.

“Vídeos de usuários segmentados são filtrados e meramente relegados, para que as pessoas mal possam ver seus vídeos!”, esbravejou em outro texto. “Não há oportunidades iguais de crescimento no YouTube ou em qualquer outro site de compartilhamento de vídeos; seu canal crescerá apenas se eles quiserem!”

Vale lembrar que, desde o ano passado, o YouTube vem restringindo a capacidade de canais de gerar receita a partir de anúncios, devido a casos como o antissemitismo de PewDiePie e as estripulias desrespeitosas de Logan Paul. A companhia passou a usar algoritmos para ajudar a encontrar conteúdo impróprio e, de acordo com o Bloomberg, alguns portais chegaram a perder 80% em verba de publicidade. Aliás, esse é um assunto que continua sendo discutido em Mountain View.

Segundo apurou o Telegraph, a família de Nasim havia acusado seu desaparecimento desde o final de semana, quando ela parou de atender o telefone. O irmão afirma que ela “sempre estava reclamando, dizendo que o YouTube arruinou sua vida” e chegou a avisar aos policiais que sua irmã “poderia fazer algo”, depois de descobrir sobre sua viagem de mais de 800 quilômetros pelo estado até Mountain View.

“Coloquei no Google ‘Mountain View’ e vi que era perto da sede do YouTube. Então, liguei para a polícia novamente e disse que havia uma razão pela qual ela tinha ido de San Diego até lá. Disse que ela poderia fazer alguma coisa. Então, eles não fizeram nada e ela morreu… e mais três ou quatro pessoas se machucaram”, lamentou, em entrevista à KGTV, enquanto dizia que justamente nesta quarta-feira (4) Nasim completaria 39 anos.

O pai de Nasim também disse ter avisado as autoridades sobre seu comportamento agressivo e a possibilidade de ela fazer algo. Ele disse que ela “odiava” o YouTube porque “tinha parado de fazer tudo (para se concentrar no YouTube), mas agora não tinha mais nenhuma renda”.

Depois de ser alertada, a polícia investigou os arredores do YouTube e viu Nasim dormindo em um veículo, em um parque, na noite anterior ao tiroteio, na segunda-feira (2). Assim que a abordaram, os oficiais entraram em contato com os familiares e disseram tê-la encontrado.

“Nossos policiais fizeram contato com a mulher depois que a placa de seu veículo coincidiu com a de uma pessoa desaparecida no sul da Califórnia”, confirmou um porta-voz da polícia de Mountain View. “A mulher confirmou sua identidade para nós e respondeu a perguntas subsequentes. No final disso, a família dela foi informada de que ela havia sido localizada.”

Em seguida, ela foi liberada, às 2h da terça-feira (3), porque, depois de ser questionada e averiguada, “estava tudo sob controle”.

Pois é, como todo mundo sabe, as coisas não estavam assim tão controladas quanto pareciam. No final da tarde desta terça (3), as primeiras informações sobre um tiroteio na sede do YouTube surgiram no Twitter, quando um funcionário da empresa escreveu que estava com colegas em uma sala, para se proteger de “um atirador”.

Aparentemente, parecia se tratar de um caso de briga entre namorados. O chefe de polícia de San Bruno, Ed Barberini, disse que a cena era “caótica”, com várias pessoas fugindo. Os disparos teriam ocorrido em um café, no térreo da sede do YouTube.

Horas depois, o oficial relatou o trágico desfecho. “Encontramos uma pessoa morta no prédio, após disparo contra si mesma”, em entrevista coletiva, referindo-se a Nasim. Uma mulher de 32 anos e um homem de 36 anos seguem em estado grave.

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